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quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Década de 80...

“Nascemos na década de 80. Somos a geração que comeu Cerelac, Nestum com mel e papas de farinha Maizena. Somos a geração que levava cem escudos para a escola primária e comprava um Bollycao no intervalo da manhã. Metíamos manteiga nas bolachas Maria e Nesquick no leite. As nossas festas de anos tinham sandes de fiambre e queijo mas também tinham salame e tortas Dancake. A nossa geração bebia Coca-Cola quando tinha diarreia mas antes as nossas mães "tiravam-lhe o gás". Comíamos batatas fritas da Matutano e fazíamos colecção de pega-monstros e tazos. Apesar disto somos também uma geração que aprendeu a comer sopa a todas as refeições e peixe cozido quando as nossas mães assim o entendiam. Não havia comida especial para nós e quando perguntávamos o que era o almoço recebíamos como resposta um "casquinhas de tremoço". Comíamos fruta como sobremesa porque nem nos passava pela cabeça não o fazer. Somos a geração que brincava na rua até à hora de jantar e, no Verão, ainda podíamos brincar depois dessa hora. Andávamos de bicicleta e íamos a pé para a escola, sozinhos ou com amigos. Até para mudar de canal na televisão tínhamos que nos levantar. Somos a geração que ligava para os discos pedidos, a geração que não dissocia a Ana Malhoa do Buereré, a geração que comprava cassetes dos Onda Choc nos expositores dos cafés. Fomos as princesas da Disney e os Power Rangers. Ainda somos do tempo em que os carros não tinham cinto de segurança nos bancos traseiros nem ar condicionado. Jogámos Tetris e tivemos Walkmans e Mega Drives. Tomámos comprimidos de flúor e bebemos óleo de fígado de bacalhau.

A nossa geração comeu açúcar que se fartou, viu desenhos animados cheios de lutas e outros em que as meninas eram princesas à espera do príncipe encantado. E nenhum mal veio daí. Porque a nossa geração fez tudo com conta, peso e medida. A nossa geração teve mães que faziam o que podiam da melhor forma que sabiam, que seguiam o coração e não viam um papão em cada esquina. As nossas mães eram as mães que nos deixavam lamber a massa crua dos bolos mas que diziam que comer o bolo quente nos dava a volta à barriga. Podiam ser incoerentes, é certo, mas tinham filhos felizes. E nós tivemos mães imperfeitas mas que, na sua imperfeição, souberam dosear tudo e encontraram o equilíbrio. Saibamos nós ser hoje tão imperfeitas como elas foram um dia. Os nossos filhos ficarão gratos. Tal como nós somos gratos.

Que maravilhosas foram as mães dos filhos de 80.”

Texto de A mãe imperfeita

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